Poças de lama, falta de drenagem para águas pluviais e esgoto a céu aberto. Este é o cenário do Residencial Salvação
Poças de lama, falta de drenagem paraáguas pluviais e esgoto a céu aberto. Este é o cenário do Residencial Salvação, localizado na rodovia Fernando Guilhon, próximo ao Lago do Juá, em Santarém, Oeste do Pará. Após apresentar inúmeros problemas decorrentes do local onde foram construídas centenas de casas dentro de um buraco, o residencial virou motivo de preocupação da comunidade santarena.
O receio de moradores das proximidades é de que com a grande quantidade de poças de lama que existem dentro do conjunto habitacional haja a proliferação do mosquito da Dengue. Outra preocupação diz respeito à lama que desce por um esgoto construído sob a rodovia Fernando Guilhon e que deságua no Lago do Juá.
Para biólogos e ambientalistas, a lama que desce para o Lago do Juá está atingindo diretamente o ecossistema do manancial. Peixes, segundo um grupo de biólogos, correm riscos de serem contaminados pelos dejetos que descem do Residencial Salvação e que são despejados no Lago do Juá.
Lama que sai do Residencial está poluindo o Lago do Juá
Em fevereiro deste ano, depois de analisar os efeitos da devastação provocada pelas águas pluviais que são despejadas na área do Lago do Juá, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) deu o prazo de 24 horas para que a empresa “Em Casa”, responsável pela obra, apresentasse um projeto de contenção e de escoamento da lama sem haver a possibilidade de contaminação do manancial.
Após o encerramento do prazo e a não apresentação do projeto de contenção, a SEMMA aplicou uma multa de mais de R$ 1 milhão na referida firma, responsável pela construção do “Residencial Salvação”.
Porém, os problemas de contaminação do Juá pelo Residencial Salvação iniciaram na manhã do dia 27 de janeiro deste ano, quando durante uma forte chuva, um rio de lama se formou na área de construção do conjunto habitacional. Durante o temporal, a enxurrada inundou a Rodovia Fernando Guilhon, além de levar muita lama para o leito do Lago do Juá. Para tentar conter a inundação das casas por lama, a empresa “Em Casa” construiu uma galeria por baixo da rodovia Fernando Guilhon, o que para ambientalistas contribuiu para acelerar o processo de assoreamento do Juá. Grupos ligados ao meio ambiente repudiaram a construção da galeria.
Diante dos impactos ambientais causados ao Lago do Juá, a obra de construção de 3.081 moradias nas margens da rodovia Fernando Guilhon, do programa do governo federal “Minha Casa, Minha Vida”, foi embargada parcialmente em fevereiro último, até que fossem apresentados os resultados das medidas emergenciais para conter os danos causados ao Lago do Juá por conta da enxurrada que levou materiais da obra para dentro do manancial, causando o assoreamento.
Passados dois meses e após o retorno dos serviços no residencial, os impactos ambientais são visíveis e constatados por quem trafega na rodovia Fernando Guilhon, em Santarém.
SONHO FRUSTRADO: O sonho de dezenas de famílias de adquirir a casa própria foi anunciado para o final deste ano, quando deverão ser entregues as primeiras unidades habitacionais do Residencial Salvação que estão sendo construídas em uma área da rodovia Fernando Guilhon através do programa federal “Minha Casa Minha Vida”. Na área onde estão sendo construídas cerca de 3.080 casas populares, também haverá escola, creche e unidade de saúde, para atender milhares de pessoas que irão morar no Residencial Salvação.
A construtora “Em Casa”, vencedora da licitação para a construção do Residencial Salvação, já deu início a segunda etapa da obra que compreende a construção de mais mil casas.
Mais de 17 mil famílias se inscreveram no cadastro realizado pela prefeitura de Santarém. Os cadastros foram avaliados pela Caixa Econômica Federal que selecionará as que de fato se enquadram nas regras do sistema financeiro de habitação.