Professora indignada que não quer ser identificada desabafa.
Confesso que relutei muito e
ponderei muito antes de fazer esta publicação, no entanto, não poderia deixar
de estar ao lado da categoria que faço parte, inclusive porque sou professora
deste município e também sofro com o atraso, que se não chega a dois meses,
chega a um mês. É impossível um professor desempenhar sua valorosa missão de
educar com dois meses de salários atrasados! Até porque tem profissionais que
residem em comunidades o que acarreta em mais despesas com transportes. Além de
despesas com transportes, temos despesas com telefone, alimentação, vestuário,
e ademais, as despesas que tem todo professor, como pesquisa, internet,
revistas, xerox e material de apoio escolar. Agora some a tudo isso o nosso
orçamento mensal de despesas.
Várias sugestões foram levantadas
pelos colegas, cito algumas: parada de advertência, redução dos dias
letivos, folgas semanais, férias coletivas e greve. Nós professores vam'os
buscar a melhor solução possível, até porque como educadores temos feito nossa
parte; melhoramos o IDEB da Escola e do Município, não deixamos cair a
qualidade de nossas aulas mesmo com o quadro adverso e o mais importante, temos
feito um esforço hercúleo para cumprir com nossa jornada de trabalho, mesmo com
o pagamento atrasado.
Professor não vive de sonhos e não trabalha só por
amor. Professor tem contas a pagar, tem credores batendo à sua porta. E um dia
de atraso já significa MULTA. Meu aluguel só não está atrasado porque peguei
mais um empréstimo. Mas só o suficiente para pagar essas contas. Mas paguei as
contas criando outra, com uma taxa de juros altíssima. Gostaria de ver o
governo cobrindo os juros da minha dívida. Pois a culpa é dela: trabalhando a
102 dias sem receber. E vou passar o resto do ano pagando a dívida desse
fatídica começo de ano. Não me entra na cabeça como os suprimentos não puderam
ser feitos a tempo: os professores têm que dar seus pulos para elaborar suas
aulas a tempo, para corrigir as provas a tempo, lançar notas a tempo (porque a
Hora-atividade de 20% não existe, mas deixo esse assunto para outra
oportunidade). Mas a Prefeita pode fazer tudo a seu tempo... Eu realmente não
consigo entender como o governo deixou isso acontecer.
Eu cheguei a mendigar moedas nas escolas onde
trabalho para poder pagar o ônibus para voltar para casa depois da aula. Isso é
dignidade? Cadê o respeito ao professor? E isso não se aplica somente ao
Governo. O sindicato tem um fundo de greve, onde há recursos para suprir a
falta de pagamento de professores em situações de greve. Não estamos em greve,
mas parece que a Prefeitura está. O sindicato deveria suprir o pagamento dos
professores em uma situação como essa também. Mas, isso nem passou pela cabeça
do sindicato, infelizmente. Enquanto isso, os professores estão se afundando em
dívida, e o sindicato não faz nada além de conversar com o secretário da
educação. Eu estou triste, magoada, mas, acima de tudo, revoltada.
Para terminar, suplico ao
Professor Ulisses Medeiros que nos ajude, pois, ele sabe os caminhos,
e nossa vida, Se a Prefeita não conseguiu cumprir uma promessa, de campanha,
pra que prometeu! Não criem expectativas nas pessoas para depois dar-lhes
banhos de água fria.
Por
fim, repito, dois meses e 11 dias sem salário é muito, a situação está
ficando insustentável!!!