terça-feira, 25 de março de 2014

Consciência ambiental vira requisito para crescer com a soja em Belterra


raizesclaudio-490x250



É uma manhã de setembro e o dia começa lentamente em Belterra. O município, localizado no noroeste do Estado do Pará e distante apenas 45 quilômetros de Santarém, revela aos poucos um cenário composto por vastas plantações de soja em meio à paisagem amazônica. Fundada em 1934, quando ainda era conhecida como Bela Terra, Belterra foi cedida pelo governo brasileiro à companhia Ford para a extração da borracha nos seringais, após a empresa ter desistido de suas operações em Fordlândia, também no Pará. O projeto, planejado para durar um século, se enfraqueceu a partir do surgimento da borracha sintética e de baixo custo na Ásia, o que levou a saída da empresa automobilística da região e pôs Belterra de volta nas mãos do governo brasileiro, em 1945.
A influência norte-americana em Belterra ainda pode ser observada no traçado de suas ruas, em caixas d’águas de ferro suportadas por grandes estruturas e em casas que parecem ter saído de um filme sobre o Velho Oeste americano, atualmente tombadas como patrimônio histórico da cidade. Sentado na varanda de uma delas, encontramos Cláudio Gonçalves, mais conhecido na cidade como Claudião, um dos produtores de soja que fazem parte do projeto Soja Mais Sustentável, desenvolvido pela The Nature Conservancy em conjunto com a Cargill.
Nascido em um ambiente rural no Paraná, ele conta que o pai, também agricultor, sempre foi muito ligado a terra e não demonstrava interesse em mudar-se com a família para outro lugar do país. Tampouco queriam sair do Sul os outros quatro irmãos de Claudio, que acabaram desenvolvendo suas carreiras por lá. Cláudio, no entanto, tinha a vontade de conhecer novas regiões e de viver experiências diferentes. Foi assim que, em 1990, ao concluir o curso superior em Agronomia, partiu em uma aventura para a Amazônia.
Desde essa data, ele já passou pelos Estados do Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima e Pará, onde se instalou em 2009. “O sonho sempre foi achar um lugar dentro da Amazônia que fosse bom para plantar e tivesse uma logística favorável. De todos os lugares em que eu trabalhei, Belterra é o melhor”, conta, destacando a qualidade de vida, o clima e as belezas naturais, como a praia paradisíaca que fica a apenas 5 quilômetros de uma de suas plantações. Brincando, nos conta que está pensando em se aposentar nos próximos anos, e por isso, precisa escolher muito bem os lugares onde planta, para ter sempre uma opção de lazer por perto.
Quando chegou ao município, as oportunidades agrícolas estavam voltadas para o plantio do arroz, uma cultura que desgasta o solo mais facilmente e precisa de um maior tempo de recuperação, em comparação com a soja. Havia apenas um comprador de soja local, mas a quantidade absorvida por ele era pequena demais para encorajar os produtores a arriscar suas lavouras com um novo produto.
A corrida da soja
O cenário mudou em 2003, quando a Cargill se instalou em Santarém. A demanda por soja da região aumentou e os produtores quiseram aproveitar a oportunidade para explorar suas terras, em uma das áreas mais férteis da Amazônia, de forma rentável. Cláudio passou a integrar um grupo ávido por experimentar diferentes tipos de soja e fazer o produto ganhar importância, naquele pedaço do Pará.
Não demorou muito para que a expansão da atividade atraísse a atenção do governo e das organizações de proteção ao meio ambiente. Eles questionavam os métodos aplicados no cultivo da região. As taxas de desmatamento estavam aumentando a cada medição realizada pelos satélites brasileiros, e os produtores entraram na berlinda.
“Teve uma época na qual olhei para os meus filhos e vi que toda uma vida de trabalho estava investida aqui, e mesmo assim, eu pensei em ir embora”, confessa, ao falar sobre a pressão para que a cadeia da soja buscasse soluções para o desmatamento.
Nesse contexto de tensão politica, uma das principais saídas que o setor buscou foi procurar os próprios ambientalistas e propor um trabalho conjunto de aperfeiçoamento das práticas ambientais. A Cargill e a TNC deram início, em 2003, ao projeto Soja Mais Sustentável, por meio do qual inseriram mais de 400 propriedades rurais no Cadastro Ambiental Rural, o CAR. A implantação do sistema, que serve como um mapa descritivo da propriedade, facilitou que a empresa pudesse identificar se o Código Florestal brasileiro estava efetivamente sendo cumprido pelos produtores. Até a definição das áreas de floresta que precisavam ser restauradas, para que a propriedade se adequasse às normas ambientais, ficou mais precisa.
Em 2004, veio a Moratória da Soja, um pacto para o desmatamento zero firmado entre o governo, entidades representativas dos produtores de soja e organizações ambientais. O acordo contribuiu para consolidar a cultura que tinha começado a ser construída com o projeto. Graças ao esforço feito por Cláudio para adequar sua fazenda ao Código Florestal, quando aderiu ao Soja Mais Sustentável, ela já se encontrava em linha com as práticas previstas pela Moratória.
“Nós temos uma grande responsabilidade ambiental aqui, e é isso que diferencia a gente de alguns outros produtores, não só do bioma amazônico como do Brasil em geral”, diz Claudio, orgulhoso.
De 2004 para cá, a produção cresceu e as praticas de responsabilidade ambiental viraram a regra na propriedade de Claudião. Ele é hoje um dos maiores produtores do oeste do Pará e fala com orgulho de como a soja possibilitou a ele dar condições confortáveis de vida para a sua família.
Cláudio afirma que os produtores que resistiram mais a melhorar sua forma de produção foram, pouco a pouco, indo embora de Belterra. Olhando pra trás, ele reconhece todos os esforços que foram feitos para que pudesse viver tranquilamente, e se sente feliz por fazer parte da história da região e do plantio de soja no Brasil.
Quando a conversa chega a esse ponto, ele lembra que precisa buscar a filha mais nova na escola, e finaliza a prosa, declarando que preservar a natureza e manter a floresta em pé é o único caminho para produzir.
“Eu planto nos trechos onde não há mais floresta, respeito onde é floresta e tenho a consciência tranquila de ser um agricultor da Amazônia”, diz.

fonte:
http://portugues.tnc.org/nossas-historias/destaques/claudio-concalves-raizes-da-conservacao.xml

Um comentário:

Anônimo disse...

eu estou aki para parabenizar a materia sobre o plantio da soja aki em belerra... mt boa materia. muito importe para o crescimento da agricultura em nossa cidade.. outro dia tive aki meio q reclamando q o blog poderia ter mais variedades de materias. naw so focar em politicos safados daki. fika dando ibope pra esses ladroes... parabens pela materia..... aki im seguidor assiduo do blog